quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pai,

Por que o Senhor permite? Não vê o quanto dói? Estou a ponto de desistir. Sinto uma emboscada sendo preparada contra mim. Escuto dentes a ranger ao meu lado. Sinto a ponta de uma flecha penetrar em meu peito. Sinto... falta... sinto... medo... me sinto... só...

Não posso mais continuar. Não tenho forcas. O vigor da juventude se esvai em mim. Todos os meus medos me afrontam, me encaram, me amedrontam, riem de mim...

Deus, o teu silêncio é tão torturador. Nenhuma das minhas dores é maior do que a que sinto ao te ver silencioso... Como podes? Mas sei que podes... Sei que a mim não deve satisfação. Sei que tua vontade continua a ser soberana, apesar das minhas dores, apesar dos meus medos, apesar... de mim!!!

Apesar de mim!!! O Senhor sempre agiu assim: Apesar de mim. Ao teu povo sempre falou, apesar de mim. Os teus pequeninos sempre consolou, apesar de mim. O Senhor sempre me usou, apesar de mim, apesar de quem sou. Acho que aí está o segredo: O Senhor é o sujeito. O Senhor sempre é o foco. Quando isso acontece o mundo gira, apesar dos humanos, apesar da maldade, apesar da indiferença, apesar... da minha dor.

Pai, apesar dos meus medos, eu confio em Ti. Apesar das minhas dores, eu te louvo e agradeço. Apesar do teu silêncio... eu só tenho o Senhor! “Ainda que me mate, eu só tenho o Senhor!”

(Bruno Oliveira)

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